terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Abuso do poder econômico

É oficial: preciso encerrar minha carreira de passageira de lotada pela manhã.

Cara, hj quase morri de desgosto. O tio botou três no banco de trás (era uma Palio Weekend, ou seja, não era lá essas coisas de espaço), não ligou o ar condicionado e, ao chegar ao Centro, ainda cobrou R$8!!!! R$8!!!! Absurdo!

Esses taxistas são muito abusados. Vou passar a vir de metrô. Não durmo de manhã e ainda venho espremida, mas pelo menos gasto menos. E não fico com vontade de bater no motorista.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A tia da fila

Esta é da série Pessoas Exóticas q eu Vejo Sempre.

Tem uma tia que pega van no mesmo ponto q eu. Graças a Deus ela deve sair do trabalho mais tarde do que eu, porque não é sempre q eu a encontro - só qdo eu saio depois do horário.

Ela, em si, parada num canto, já seria exótica, para dizer o mínimo. Tudo nela é bizarro, das roupas aos cabelos, passando pelos acessórios... parece um personagem de filme de quinta. A maquiagem... o que é a maquiagem da tia.

E como desgraça nunca anda sozinha, é claro que a personalidade dele tb é digna de nota. Ela tá sempre disposta a arriar um barraco. Seja com o motorista da van, seja com alguém na fila, seja com o moleque que vende bala, seja com o tio da paçoca... o negócio dela é confusão.

E ela sempre é a cabeça das dissidentes. Mas eu não caio mais no conto dela. Explico: volta e meia a van demora. Aí sempre tem uns dissidentes que propõem rachar um taxi, em vez de esperar a van. Ela sempre é a primeira a propor. Uma vez eu estava meio de saco cheio de esperar, e resolvi aderir. Pra quê! Se arrependimento matasse, eu estaria dura e seca estirada no chão.

A tia veio falando da Praça XV até a Penha. No trânsito, na Av. Brasil engarrafadíssima. Falando sem parar. E sobre tudo. De noite. E eu mencionei que estava chovendo? Pois é. Tudo o q eu queria era dormir, e isso me foi tirado!!!!

Desde então, eu tremo quando chego no ponto e vejo a tia na fila. Torço para q ela não venha na mesma van q eu. E nunca mais, nunca mais mesmo, caí no velho truque dos dissidentes do taxi.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pérolas do transporte coletivo - parte I

Eu já falei q eu adoro ouvir conversa dos outros no trânsito? Sério, me amarro. Pq é cada bizarrice... Nuh!

Outro dia estava eu, na lotada, quando ouço o seguinte diálogo, entre o motorista e o cara do banco da frente:

-- Esse negócio tá doido, né? Esse trânsito tá de amargar!
-- Ô se está. Outro dia peguei um passageiro na Zona Sul, pra ir pra Barra, e levei quase duas horas pra chegar lá.
-- Sério? Vc foi por onde, pela Niemeyer?
--Não, pela Lagoa-Barra (agora vem a pérola). Peguei o passageiro no LEBRÃO, segui pela RUA DO VALÃO (ele queria dizer o canal da Visconde de Albuquerque), e tava tudo parado.

Gente, Lebrão, rua do valão... Este é o nosso taxista-padrão!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu ODEIO... parte 1

Eu odeio passageiro que dá pitaco no trajeto que o motorista vai fazer. Quase sempre é gente que nunca vem pro Centro de manhã, e acha que tem condições de dar opinião. E eu odeio tb motorista que segue os pitacos alheios. Cara, faz o seu trabalho, é pra vc que eu vou pagar, não pro palpiteiro aqui do lado.

Numa boa, cheguei a um ponto muito pequeno de bater num tio hj na lotada por causa disso. Já vi casos em q o cara - aliás, os dois, palpiteiro e motorista - quase apanharam dentro da van, pq pra fugir de um engarrafamento nos levaram a uma volta ao mundo medonha e por lugares absurdos.

Portanto, um conselho: a menos q só esteja vc e o motorista no carro (no caso, táxi), fique CALADO!!!!

Como diria meu compadre, o silêncio, às vezes, é uma opção.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Odisséia

Eu não costumo nadar contra os desígnios do altíssimo. Sabe qdo tudo parece q vai dar errado e te mostra que não é pra vc seguir por aquele caminho? Hj foi o dia.

Saí cedo de casa e qdo eram 7h15 eu já estava bela e formosa na estação Vicente de Carvalho. Cheguei lá e tava muuuuuuuuuuito cheio. Mas cheio pra caramba. Muito mais do que o normal. Já na escada eu pensei "isso não vai dar certo". Mas eu sou brasileira e não desisto facilmente, sentei num banquinho que estava lá de bobeira e fui ver no Twitter se tinha algum informe de alguma coisa errada no dito cujo transporte sobre trilhos. Daí vejo um tiozinho postando que estava tudo tranquilo no metrô. Na hora repliquei dizendo a baderna que estava em Vicente de Carvalho, neguinho dizendo que estava há mais de quinze minutos esperando o trem, etc e tal.

Ato contínuo, entra uma postagem dizendo que estava rolando uma operação da polícia... no JACARÉ! Justo no caminho do metrô. Pensei com minhas fivelas: "caraca, só falta eu entrar no metrô e o tiro comer no meio do caminho". Mas fiquei lá, firme e forte, esperando pra entrar pelo menos na composição seguinte.

Finalmente o trem foi chegando. E aí o tiozinho do microfone na plataforma avisa que um dos trens estava com as portas TRAVADAS! Como assim, Bial? E os outros vagões... bem... era o metrô, né, e ainda por cima atrasado. Imagina como é que não estava. Tô eu em pé quando de repente uma mulher começou a gritar, começou a maior correria na plataforma, alguns dizendo que era ladrão, outros que era um acidente... Nessa hora eu desisti do metrô. Definitivamente não era pra eu encarar o trilho.

Peguei o 551 pra descer perto de casa e tentar catar uma lotada. Caraca, o motorista era muito doido. Pra fugir do trânsito nas proximidades da Praça do Carmo o que o cara fez??? Cortou caminho e resolveu margear o Morro da Fé! Olha que maravilha: desisti do metrô pra não tomar um tiro no Jacaré pra estar na mira dos vagabundos de perto de casa!!! Quando tava mais perto do Sereno, o cara pegou uma rua cheia de quebramolas. Pra q? O povo do banco de trás começou a gritar "Aê, vagabundo! Não é tua mãe que tá aqui no banco de trás não, ô palhaço!". Em meio aos gritos, uma tia começou a contar uma história de que uma amiga da sogra tinha ficado paralítica depois que o ônibus que ela estava passou num quebramolas sem reduzir, "deu um jeito na coluna e ela ficou de cadeira de rodas" e tal. E ainda arrematou dizendo que a empresa de ônibus havia pago "uma senhora indenização, muito dinheiro mesmo", mas era só um cala-boca, pq a pobre coitada havia ficado presa na cadeira de rodas, mimimi mómómó. Gente, é impressionante como sempre tem alguém disponível pra contar alguma desgraça alheia!

Desci do ônibus e fui pra fila da lotada. Já muito pau da vida, pq nessa brincadeira já eram quase oito da manhã, ou seja, eu já deveria estar quase na rodoviária! Aí um tio até bonitinho resolveu puxar assunto, perguntando se eu tb estava esperando o táxi e tal... Disse "tô" e olhei pra frente, dando graças aos Céus qdo chegou a lotada - só com lugar pra um, no caso, EU. 

A partir daí foi o clássico da Av. Brasil, parada, parada, parada. Nem a seletiva andava. Só a partir de Manguinhos a coisa melhorou. 

No caminho, fui vendo o Twitter, onde vi a história mirabolante do Metrô Rio dizendo que o circo dessa manhã tinha sido pq uma passageira "prendeu a mão" na porta da composição em Inhaúma. Que caô brabo! Se bem q eu não invejo as pessoas da assessoria do Metrô. Eu, que trabalho com o mundo político, não me aporrinho tanto. Como responder à quantidade de batom na cueca dessa empresa?

Acabou que cheguei no Centro era pra mais de 9h10. No caminho, vários anúncios de macumbeiros davam conta de que traziam a pessoa amada de qualquer parte do mundo em três dias. Fazer isso é mole. Quero ver é me fazer chegar no Centro em menos de uma hora.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O portuga

Eu já falei desse cara no meu twitter, mas não tinha como ele não estar neste blog: o Portuga!

O Portuga é pai de um motorista de van q faz a linha Vista Alegre-Pça XV, o Fábio, que é um fofo, super gente fina. Ele carrega o pai no carro, para q ele atue como cobrador. Daí o tio pega o banquinho e senta no banquinho até q um passageiro desça - e ele passe pro banco da van propriamente dito.

Mas fora esta bizarrice, por que falar do Portuga? Simples: pq ele é muito, muito, muito figura!

Além do sotaque inconfundível, o Portuga tem aquela sensibilidade toda própria dos seus patrícios. Dá altos foras nos passageiros, uns coices aqui, outros ali, mas todo mundo releva pq sabe pq isso acontece: é o Portuga!

Outro dia mesmo eu ia entrando na van do Fábio qdo vi q tinha uma tia parada, como se estivesse esperando pra entrar. Como ela já estava qdo eu cheguei, pedi desculpas e perguntei a ela se ela ia entrar. Ao que o Portuga, do alto da sua delicadeza, disse, já me empurrando pra dentro do carro: 'NÃO, ELA NÃO VAI NÃO, ELA PREFERE IR COM OUTRO, VAMOS ENTRANDO LOGO QUE EU QUERO IR EMBORA'. Entrei, né, antes q, sei lá, ele me batesse.

Aliás, o Portuga é o chefe de uma família que vive em torno do mercado das vans. Além do Fábio, outro filho dele, o Fabrício, tb é motorista de van, mas agora ele tá fazendo a rota do Méier, eu acho. Durante uns dois anos, no tempo q ele fazia a rota VA X Pça XV, eu vim diariamente com o Fabrício pro Centro, vulgo Soldado. Ele me pegava na porta da escola do meu filho mais velho todo santo dia, e parecia ônibus escolar, pq todo mundo se conhecia. Teve um ano que a gente fez até amigo oculto na van - q mico. Tínhamos inclusive uma comunidade no Orkut - Eu pego a van do Soldado. Era o must.

A mulher do Portuga também dirige van, mas dedica-se ao transporte escolar. E eles tb fazem transporte em eventos - leia-se levando velhinhas para o teatro e cachaceiros para micaretas. A casa deles (sim, eu sei onde eles moram. É, isso é um absurdo, o fim do mundo) tem um quintal gigante, que guarda as Ducatos da família. E todos eles são meio toscos, mas gente boa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LINHA 2 FASHION WEEK

A Linha 2 é um celeiro da moda. Lu-sho total. Veja agora o que é "in" no trecho Pavuna-Central.

* Unha feita. Oito entre dez passageiras, pelo menos, estão com as unhas esmaltadas. E quem não está, na maioria das vezes, está na entressafra, ou seja, entre a retirada do esmalte velho e a colocação do esmalte novo. Pouquíssimas mulheres não são habituées das manicures, impressionante. Destaque tb para a quantidade de unhas decoradas - o que, particularmente, acho de uma cafonice absurda. Das básicas e aceitáveis francesinhas aos mais estapafúrdios desenhos, vale tudo. Quem não vai de decorada, vai de cor da moda (confesso q até eu entrei nessa, hj eu estava de cinza-croché-da-impala). Poucas vão no tradicional basiquinho branquinho renda ou algo que o valha.

* Duplas imbatíveis e muito frequentes: calça jeans skinny com sandália rasteirinha de dedo. Como esse povo vai trabalhar de chinelo! Deve ser tudo gente que trabalha de uniforme, então pode abusar da casualidade no trajeto. Outra dupla: legging com sapatilha. De preferência, legging preta. E de preferência, sapatilha tipo melissinha de plástico. Aliás, já notei que sapato de plástico é um must-have da Linha 2.

* Blusinhas de visco-lycra são outro must-have; de preferência bem colorida e com a alça do sutiã nadador com bojo aparecendo. Se der pra deixar de fora a barriga é melhor. Mesmo q sua barriga não seja digna de ser vista por outro ser humano.

* Sobrancelha feita. Fato. Não vi ninguém, até agora, que não faça a sobrancelha. E muita gente tá na vibe da sobrancelha quadrada de henna, aquela coisa medonha. Inclusive hj tinha uma tia que esqueceu de tirar a henna - a sobrancelha tava dura e grossa, parecia que tava cheia de piche. Uó.

* Cabelo enroladinho cheio de creme pra anti-frizz. Bem tipo soul-glow, quem lembra? Quem não assume os cachos opta pelo alisamento. Progressiva ou guanidina, pq escovinha simples não resiste à estufa que é o metrô. Aliás, muuuuuuuita guanidina. Hj tinha uma tia numa vibe cachorro poodle premiado: franja escovada e cabelinho tóin-nhóin-nhóin atrás. Coisa mais querida.

* Tatuagem com o nome do filho/marido/pai/mãe/avô/cachorro/tartaruga/cacatua ou lá o que o valha no antebraço, de preferência numa letra bem rebuscada e com uma cafonice estilo "amor eterno" embaixo. Isso vale pros meninos e pras meninas. Gente, deve ter um jeito menos tosco de se homenagear a quem se ama, na boa.

* Os moços vão de camiseta (quem trabalha de uniforme, numa firma bem informal,ou, sei lá, no Camelódromo da Uruguaiana), camisa pólo ou social da C&A (ou algo semelhante) de manga curta. Uns poucos coitados vão de terno. Dá pena desses. Pq eles estão arrumadinhos na plataforma, mas qdo saem do vagão... A vaca comeu legal.

* Nos pés, tênis cheios de sacanagem ou sapatos sociais. Homem que é homem e pega metrô não anda de sandália; chinelo, então, nem pensar. É praticamente uma lei não escrita, saca?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Volta pra casa

Hj o metro esta mais vazio... Vista do vagão das meninas!


Enviado através do meu BlackBerry® da Nextel

Só os fortes sobrevivem à Linha 2

Depois de pastar na Av. Brasil ontem, o que me fez chegar meia hora atrasada, resolvi largar essa vida de lotada (principalmente esta vida de gastar R$ 7 toda manhã pra chegar ao Centro), me imbuí de coragem e vim pro trabalho de metrô. Muito metida a espertinha, já q volta e meia pego o metrô pra voltar pra casa, achei q já estava calejada.

Ledo Ivo engano.

A sacanagem já começa na plataforma. Tô eu lá, a galera se juntando (sim, pq qdo eu entrei na plataforma uma composição já estava encostando e a turba já estava se espremendo pra dentro do trem)... qdo o auto falante manda a pérola: a composição assim assado que irá encostar é composta de apenas cinco carros. Caracoles. O q tinha acabado de sair era do maior, e já tava entupido de gente. Deu medo do próximo. Mas tb... Eu já estava lá dentro. Não ia dar pra fugir. Dei uma de Tiririca, pensei: pior do que está, não fica, e fiquei lá.

Cara, de boa. Muita gente lá dentro.

Durante o caminho, observei o Metrô do Rio dar toda uma nova roupagem às leis da Física. Afinal, dois corpos podem, sim, ocupar o mesmo lugar no espaço. A cada estação que o infeliz parava, eu pensava: de boa, não cabe mais ninguém. E não é que cabia? E foi assim até chegar na Central, quando finalmente rola um alívio e boa parte da galera desce.

Detalhe que eu passei por tudo isso imprensada entre um paraibinha pequeno que tava dormindo em pé, um tio que era a cara do seu Madruga e um outro carinha que até era simpático, mas que ouvia algum heavy metal berrando nos ouvidos. A ponto de dar pra eu ouvir - e ainda tentar identificar quem, afinal, berrava naquele ouvido. Esse papo de "espaço individual", "privacidade", essas churumelas... nada disso cola no metrô.

A única vantagem é q eram 8h10 e eu já estava no Centro. Mas alguma compensação eu tinha que ter, né...